
Host (2020) apresenta uma proposta ousada ao transformar uma simples videochamada em um cenário aterrorizante. Dirigido por Rob Savage, o filme se destaca por seu formato inovador, ambientado inteiramente no aplicativo Zoom. Sua filmagem remete ao estilo consagrado por clássicos como A Bruxa de Blair e Atividade Paranormal, mas traz um toque moderno e digital, refletindo o isolamento social da pandemia de COVID-19. Com apenas 57 minutos, o filme não se perde em longas introduções; ao contrário, mergulha diretamente na ação, oferecendo uma narrativa enxuta e eficaz que não subestima o público.
Uma Pegadinha Viral que Virou Filme

A origem de Host é tão intrigante quanto sua trama. Tudo começou com uma pegadinha que Rob Savage criou, onde simulava um ataque sobrenatural durante uma videochamada. O vídeo viralizou e chamou a atenção de produtores, que incentivaram Savage a expandir a ideia para um longa-metragem. O resultado foi uma produção rápida, concluída em apenas 12 semanas, onde os atores tiveram que assumir funções de produção, desde a iluminação até os efeitos práticos. Essa abordagem “faça você mesmo” não apenas imprimiu autenticidade ao filme, mas também destacou a criatividade como uma ferramenta poderosa mesmo em tempos de crise.
É impossível não se sentir conectado com a realidade retratada. Durante a pandemia, o Zoom se tornou uma ferramenta essencial para manter contato com amigos, familiares e colegas de trabalho. No entanto, em vez de ser apenas um meio de comunicação, o aplicativo assume o papel de protagonista, criando um ambiente claustrofóbico e imprevisível. A familiaridade do cenário intensifica o terror, pois transforma o ordinário em extraordinário. Cada barulho ou movimento capturado pela câmera se torna uma potencial ameaça, e o espectador, já acostumado a esse ambiente virtual, se vê rapidamente imerso na tensão.
Apesar da curta duração, Host dá espaço para o desenvolvimento dos personagens, permitindo que cada um tenha seu momento de destaque. Sem enrolação, o filme entrega sua essência desde os primeiros minutos, focando na construção de sustos eficazes e na interação do grupo. Embora a trama seja simples, isso não diminui seu impacto. A conexão emocional é imediata, especialmente para quem viveu o isolamento, fazendo com que os sustos sejam ainda mais intensos. Victor observa que, embora o espectador não conheça profundamente os personagens, a proximidade com a situação os torna facilmente relacionáveis, aumentando o impacto emocional.
Críticas e Reconhecimento: Um Novo Clássico do Terror

A crítica especializada foi rápida em reconhecer o valor de Host, elogiando sua abordagem direta e sua relevância cultural. Com 99% de aprovação no Rotten Tomatoes, o filme conquistou um lugar de destaque no gênero, recebendo comparações com Unfriended e sendo aclamado por sua eficiência narrativa. A revista Time o considerou um dos melhores filmes de terror do ano, enquanto o The Atlantic destacou sua capacidade de capturar a paranoia e o medo gerados pela pandemia. Esse reconhecimento reforça como Host transcendeu as barreiras do gênero, tornando-se um reflexo assustador da sociedade contemporânea.
No centro de sua narrativa, Host não é apenas uma história de fantasmas, mas uma análise da dependência tecnológica e das vulnerabilidades que ela pode expor. O Zoom, que deveria ser um espaço seguro de conexão, se torna o portal para o desconhecido. Essa dualidade provoca reflexões sobre a segurança desses ambientes digitais e como pequenas transgressões, como a brincadeira de Jemma durante a sessão espírita, podem ter consequências desastrosas. A transformação de algo comum em um elemento de terror é um dos maiores trunfos do filme, ampliando o medo para além das telas.
Host não é apenas uma produção de baixo orçamento que surpreendeu; é uma representação do terror contemporâneo em sua forma mais pura. Com um ritmo ágil, sustos precisos e uma premissa familiar, ele consegue se destacar em meio a tantas produções do gênero. Mais do que apenas assustar, faz o público refletir sobre a nova normalidade digital e as ameaças invisíveis que podem surgir dela. Rob Savage entregou um filme que, mesmo curto, ficará na memória como uma obra que redefiniu o horror para a era digital.
Fonte: Wiki
Compartilhar: