
Desde 2013, quando o primeiro Invocação do Mal chegou aos cinemas, os fãs de terror se viram diante de uma franquia que mudou a forma como histórias sobrenaturais eram contadas no audiovisual moderno. Inspirada em investigações reais conduzidas pelo casal de demonologistas Ed e Lorraine Warren, a série de filmes rapidamente conquistou um espaço de destaque no gênero. Agora, com o lançamento de Invocação do Mal 4: O Último Ritual em setembro de 2025, o público testemunha o fechamento de um ciclo que marcou mais de uma década de produções arrepiantes.
Contudo, para entender a importância desse capítulo final, é essencial revisitar alguns pontos fundamentais. O casal Warren não apenas protagonizou investigações aterrorizantes no cinema, mas também se tornou uma referência cultural para todos que se interessam por histórias de possessões, casas assombradas e forças que desafiam a compreensão humana. Este último filme, além de entregar momentos de tensão dignos da franquia, também amplia o lado emocional dos personagens, costurando um fim que dialoga tanto com a mitologia construída ao longo dos anos quanto com o público que acompanhou cada detalhe dessa saga.
O Legado dos Warren

Para quem ainda não está familiarizado, Ed e Lorraine Warren foram figuras reais que dedicaram suas vidas a investigar atividades paranormais. Ed era demonologista autodidata, enquanto Lorraine dizia possuir dons de clarividência e mediunidade. Diversos casos famosos dos anos 70 e 80 – como o da família Perron, em Rhode Island, ou a casa amaldiçoada em Amityville – foram associados às suas investigações.
Hollywood, percebendo o potencial de narrativas baseadas nesses eventos, construiu um verdadeiro universo de terror ao redor dos Warren. O primeiro Invocação do Mal apresentou a família Perron e os terrores em sua fazenda. O segundo filme levou os espectadores até Enfield, na Inglaterra, com o famoso caso de poltergeist. O terceiro explorou possessões demoníacas que culminaram em um julgamento real, marcando uma das histórias mais polêmicas da carreira dos investigadores.
Assim, O Último Ritual chega como o capítulo derradeiro. Ambientado em 1986, o longa retrata os Warren tentando viver de forma tranquila com sua filha Judy, já adulta. Essa decisão de situar o enredo nesse período histórico não é casual: os anos 80 foram especialmente férteis para o crescimento da cultura de terror, tanto no cinema quanto na vida real, com inúmeros relatos de atividades sobrenaturais ganhando manchetes. Portanto, a escolha do ano reforça a atmosfera carregada de simbolismos que permeia toda a trama.
No entanto, a calmaria logo é rompida quando uma família da Pensilvânia, os Smurl, passa a enfrentar fenômenos assustadores dentro de casa. A ligação direta entre os acontecimentos sobrenaturais e a própria filha dos Warren, Judy, torna o caso muito mais perigoso e pessoal. Essa conexão confere ao roteiro uma intensidade emocional rara, pois a ameaça já não está apenas em proteger desconhecidos, mas em salvar alguém que carrega o legado da família.
Quando o Passado Retorna

Um dos elementos mais instigantes de Invocação do Mal 4 é a reintrodução de um artefato maldito já mencionado em passagens anteriores: um espelho antigo, ligado às investigações do casal em 1964. Esse detalhe pode passar despercebido por quem não acompanhou de perto a mitologia da franquia, mas representa uma peça-chave da narrativa.
O espelho funciona como catalisador para as manifestações demoníacas. Ele não apenas traz à tona a história de uma tragédia familiar, mas também conecta as entidades a algo muito maior, revelando que desde o início havia forças obscuras direcionando suas ações. Esse recurso narrativo reforça o cuidado da produção em fechar ciclos, trazendo respostas a elementos introduzidos há mais de uma década.
Além disso, o espelho simboliza algo ainda mais profundo: a herança espiritual que Judy carrega. Desde criança, ela demonstrava certa sensibilidade ao sobrenatural, mas sempre foi protegida pelos pais. No entanto, nesse filme, sua ligação com as entidades a coloca no centro da batalha. Ao transformar Judy em alvo principal, a trama dá voz a uma nova geração e questiona até onde vai o peso de crescer dentro de uma família marcada pelo sobrenatural.
O terror sobrenatural sempre foi o carro-chefe da franquia, mas nunca esteve sozinho. O que fez o público se conectar profundamente com os filmes foi a forma como Ed e Lorraine foram retratados: não como heróis invencíveis, mas como um casal que enfrenta o mal enquanto lida com suas próprias fragilidades humanas.
Nesse capítulo, a deterioração da saúde de Ed adiciona ainda mais tensão. Seu coração enfraquecido representa não apenas um obstáculo físico, mas também uma metáfora para a luta contra o tempo e contra forças que parecem se alimentar de suas vulnerabilidades. Lorraine, por sua vez, é mostrada em constante conflito entre proteger a filha e reconhecer que Judy precisa, inevitavelmente, encarar seus dons para sobreviver.
Essas escolhas narrativas humanizam a história, aproximando o público daquilo que realmente importa: a conexão entre pais e filhos diante do perigo. Mais do que enfrentar demônios, o longa fala sobre o medo de perder quem se ama e sobre a coragem necessária para enfrentar os próprios traumas.
A Batalha Final Contra o Mal

À medida que a trama se desenvolve, o envolvimento da família Smurl e os ataques cada vez mais violentos das entidades culminam em uma luta desesperada contra o demônio ligado ao espelho. Aqui, o filme retoma uma das marcas registradas da franquia: os rituais de exorcismo e confrontos espirituais carregados de tensão.
No entanto, ao contrário dos filmes anteriores, a resolução não depende exclusivamente da fé de Ed e Lorraine. Dessa vez, Judy assume papel central. Ao abraçar sua sensibilidade psíquica, ela se torna peça fundamental na destruição do espelho e na vitória contra o demônio. Essa decisão criativa não apenas renova a dinâmica narrativa, mas também simboliza a passagem de um legado.
O sacrifício emocional envolvido nesse confronto deixa claro que não se trata apenas de mais um caso resolvido. É um desfecho que exige da família união, resiliência e aceitação daquilo que os torna diferentes. O terror, portanto, não está apenas nas sombras, mas também no peso das escolhas que definem o destino de cada personagem.
Encerrar uma franquia tão marcante nunca é tarefa simples. Invocação do Mal 4 consegue entregar um filme que dialoga tanto com os fãs mais antigos quanto com aqueles que chegam agora. Para os veteranos, cada referência e cada reencontro com elementos do passado funciona como uma despedida nostálgica. Já para os novatos, o longa oferece uma narrativa sólida, capaz de funcionar independentemente do conhecimento prévio.
O impacto cultural da saga é inegável. Desde o primeiro filme, o casal Warren se tornou ícone da cultura pop, inspirando desde memes na internet até debates acadêmicos sobre a intersecção entre fé, folclore e entretenimento. Mais do que sustos bem construídos, os filmes mostraram como histórias sobrenaturais podem emocionar ao tratar de temas universais, como amor, perda e superação.
Assim, O Último Ritual não é apenas um fechamento de arco narrativo, mas também um marco para o cinema de terror contemporâneo. Ele encerra uma era que elevou o padrão do gênero, mesclando o sobrenatural com dramas humanos em um equilíbrio raro de se encontrar.
Com Invocação do Mal 4: O Último Ritual, o público se despede de uma das franquias mais influentes do terror moderno. O filme combina sustos, tensão e drama familiar em doses precisas, entregando um desfecho que honra o legado de Ed e Lorraine Warren. Mais do que apenas encerrar a saga, o longa reforça o valor das conexões humanas diante do inexplicável, mostrando que o verdadeiro terror muitas vezes está na possibilidade de perder quem se ama.
Ao transformar Judy em peça central da narrativa, a produção não apenas fecha o ciclo iniciado em 2013, mas também aponta para a continuidade simbólica do legado dos Warren. O mal pode ser combatido, mas o impacto de quem se dedicou a enfrentá-lo permanece como inspiração.
Agora queremos ouvir você: qual é o seu filme favorito da franquia Invocação do Mal? E como você imagina que a história dos Warren será lembrada no futuro do cinema de terror
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