
Fonte: Prime Video
O universo de REC, um dos maiores expoentes do terror espanhol, ganhou nova vida com sua sequência direta, REC 2: Possuídos (2009). Escrito e dirigido por Jaume Balagueró e Paco Plaza, o filme segue a narrativa imediatamente após os eventos de REC (2007), prometendo expandir o terror já consagrado. No entanto, embora mantenha elementos marcantes, como o formato de filmagem e a tensão claustrofóbica, a sequência divide opiniões entre os fãs. Para alguns, é uma experiência assustadora; para outros, a fórmula perde sua força.
A Premissa do Terror Sobrenatural

Assim como no primeiro filme, REC 2 se passa no mesmo prédio sombrio em Barcelona, palco de uma infestação viral com traços demoníacos. Desta vez, acompanhamos um grupo da SWAT e um “médico” — que mais tarde se revela ser o Padre Owen, enviado pelo Vaticano. A missão deles é simples em teoria: controlar o local, investigar os infectados e colher uma amostra do sangue da enigmática Menina Medeiros, peça-chave para entender a origem do “vírus”.
A tensão aumenta conforme os personagens avançam pelos andares vazios. Contudo, a ausência inicial de perigo imediato gera um estranhamento. Afinal, no final de REC, o prédio estava tomado por infectados. Para onde foram todos? A falta de uma explicação convincente para esse detalhe prejudica a continuidade e levanta questionamentos que podem tirar o espectador da imersão.
No primeiro filme, o estilo de filmagem “found footage” — em que toda a narrativa é apresentada através de câmeras dos personagens — foi inovador e altamente eficiente. A câmera da repórter Ángela Vidal servia como os olhos do público, criando uma experiência visceral. Em REC 2, no entanto, a escolha parece forçada. A presença de câmeras nas armas da SWAT e nos adolescentes que aparecem na trama não possui a mesma justificativa narrativa, tornando o recurso menos impactante.
Ainda assim, é inegável que a técnica mantém o clima de tensão em alguns momentos, especialmente durante ataques repentinos ou encontros com infectados. Apesar disso, a perda da autenticidade que o formato trouxe no primeiro filme é perceptível.
Duas Tramas e a Perda de Foco

Enquanto o primeiro ato do filme foca na missão da equipe da SWAT, o segundo introduz um grupo de adolescentes que, por acaso, também entra no prédio. Essa escolha narrativa fragmenta o enredo e dilui a tensão. Embora seja interessante acompanhar perspectivas diferentes, a inclusão de personagens que pouco acrescentam à trama principal acaba sendo desnecessária.
Por outro lado, o roteiro oferece alguns momentos intrigantes, como a revelação da verdadeira natureza do “vírus”, que está intimamente ligado a forças demoníacas. Esse detalhe adiciona profundidade ao universo da franquia e responde algumas perguntas deixadas pelo primeiro filme. Porém, essa expansão do lore também gera um certo afastamento do terror cru e direto que marcou REC.
Como fã do original, é inegável que alguns aspectos me impressionaram. A ideia de continuar exatamente de onde o primeiro filme parou é genial e aumenta a sensação de continuidade. Além disso, o clima claustrofóbico permanece, e os sustos ainda conseguem ser eficazes.
Por outro lado, o filme falha em criar o mesmo impacto emocional. A falta de lógica em alguns momentos — como o prédio vazio no início — e a inclusão de personagens que parecem estar ali apenas para preencher tempo enfraquecem o conjunto. No entanto, para quem busca uma experiência de terror que mistura ação e sobrenatural, REC 2 ainda pode ser uma escolha sólida.
Impacto na Cultura e Críticas Mistas

Apesar das suas falhas, REC 2 conquistou parte do público e recebeu 71% de aprovação no Rotten Tomatoes. A franquia, como um todo, consolidou-se como um marco do terror espanhol, influenciando produções internacionais, incluindo o remake americano Quarentena.
Ainda assim, é importante destacar que a sequência não é tão eficiente quanto o original. Enquanto REC entregava uma experiência única e intensa, REC 2 se arrisca em explicar demais, o que pode diminuir o mistério que fazia o primeiro filme tão assustador.
Ao revisitar REC 2, é inevitável comparar suas escolhas narrativas com o original. Por mais que a sequência tenha bons momentos de ação e terror, sua execução deixa a desejar em vários pontos. A tentativa de ampliar o universo da Menina Medeiros e do “vírus” demoníaco é interessante, mas compromete a simplicidade que fazia o primeiro filme tão eficaz.
No entanto, se você é fã de terror e gostou, vale a pena conferir a sequência. Apesar de suas falhas, ainda consegue assustar e divertir, especialmente quando assistido como parte de um todo. Mesmo com algumas escolhas questionáveis, ele mantém viva a essência do terror espanhol, sendo uma boa recomendação para quem deseja explorar um clássico do gênero.
Fonte: Wikipedia
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