
Em V Rising, o mundo de Vardoran está longe de ser apenas um campo de batalhas entre vampiros e humanos. Na verdade, há forças muito mais sombrias e complexas em ação, moldando silenciosamente os destinos de toda a região. Após séculos de caos, magia distorcida e avanços científicos enlouquecedores, novas facções surgiram não apenas com força bruta, mas com ideologias assustadoramente calculadas. Enquanto algumas lutam por poder ou fé, outras simplesmente não reconhecem mais os limites da humanidade.
Nesta segunda parte da análise das facções de V Rising, vamos nos aprofundar em dois grupos que representam os extremos da ciência e da devoção insana: os Transcendentes e a Legião de Noctum. Cada um, à sua maneira, altera profundamente o equilíbrio do mundo, seja manipulando tecnologia proibida ou invocando horrores ancestrais com propósitos perversos. Ao entender o que motiva esses coletivos e quais suas armas, é possível enxergar com mais clareza o que está em jogo em Vardoran. E, acredite, é muito mais do que territórios.
Transcendentes: Quando a Ciência Perde a Razão

A princípio, poderia parecer que os Transcendentes estão apenas em busca de avanços científicos. No entanto, esse grupo representa uma das forças mais perigosas de todo o continente. Desde o início, sua fundação teve um único propósito: dar origem à próxima forma de vida superior – não por meio da evolução natural, mas por pura manipulação tecnológica. Liderados por uma mente perturbadoramente brilhante chamada Doutor Henry Blackbrew, esses fanáticos do progresso abandonaram qualquer traço de ética em prol do desenvolvimento.
Por trás de cada laboratório escondido e cada dispositivo elétrico incompreensível, há séculos de pesquisa guiados por uma obsessão que começou ainda na era de Drácula. Blackbrew, que misteriosamente permanece vivo e aparentemente imune ao tempo, iniciou seus experimentos com o objetivo de construir soldados capazes de combater o exército de seu antigo mestre. Entretanto, à medida que os anos passaram, esse propósito se distorceu. O que era um ato de rebelião se transformou em fanatismo absoluto pela transcendência.
Ao contrário de outras facções que disputam território ou poder militar, os Transcendentes buscam algo muito mais abstrato: a quebra das limitações humanas. Para eles, emoções, corpos orgânicos e até mesmo a mortalidade são falhas de projeto. Suas experiências envolvem engenharia elétrica, manipulação de fluidos corporais, implantes cibernéticos e misturas químicas capazes de redesenhar a vida. Nenhum avanço é considerado imoral – e nenhum preço é alto demais.
Embora esse grupo mantenha seus segredos a salvo do resto do mundo, rumores dizem que muitos de seus membros sequer são mais humanos. Alguns operam como extensões da tecnologia que desenvolveram, enquanto outros parecem completamente desconectados da realidade. Isso os torna imprevisíveis, e, em muitos casos, incontroláveis. Eles não têm interesse em alianças, muito menos em reconciliação. A ciência, para eles, não é uma ferramenta – é um deus.
Ao longo do jogo, o jogador encontra rastros deixados pelos Transcendentes em instalações cheias de experimentos fracassados, autômatos violentos e resíduos químicos altamente instáveis. O ambiente em torno dessas áreas reflete a loucura que consome seus criadores: tudo parece artificial, como se a própria natureza tivesse sido forçada a obedecer. Em Vardoran, não há canto seguro onde a lógica dos Transcendentes domine.
Ao encarar seus membros ou mesmo cruzar com os resultados de suas experiências, o que fica evidente é que sua visão de futuro não tem espaço para compaixão ou equilíbrio. Para eles, a única constante válida é a evolução — não importa quantos corpos sejam destruídos ao longo do caminho. Esse culto à ciência não representa apenas uma ameaça tecnológica, mas uma ameaça existencial a toda Vardoran.
Legião de Noctum: Fé Cega nas Sombras

Em um contraste inquietante, a Legião de Noctum representa o lado mais ritualístico e místico do terror. Ao invés de apostar em tecnologia e ciência, essa facção mergulha em rituais ancestrais, invocações proibidas e devoção absoluta ao Reino das Sombras. Antigamente uma força militar de elite, disciplinada e temida por suas conquistas em campo, a Legião se transformou completamente ao longo dos séculos. Hoje, seus integrantes agem como fanáticos religiosos, guiados por vozes que ninguém mais ouve.
Essa transformação não foi casual. Após a queda de Drácula e o enfraquecimento das forças vampíricas, os membros da Legião começaram a buscar novos meios de cumprir sua missão: trazer seu mestre de volta à vida. Para isso, abandonaram os antigos códigos de guerra e se entregaram completamente à prática de rituais sombrios. Nas ruínas de Mortium, onde outrora havia castelos e fortalezas, agora há apenas templos profanados e altares manchados de sangue.
No entanto, não se trata apenas de superstição. Os rituais realizados pela Legião têm um propósito muito claro: abrir portais que ligam o mundo dos vivos ao Reino das Sombras. Por meio dessas fendas, eles conseguem invocar criaturas que desafiam qualquer lógica — monstros que não pertencem a este mundo, dotados de poderes tão antigos quanto devastadores. Um dos horrores trazidos por esses portais são os Draculin, soldados deformados que mesclam carne e essência vampírica em uma única abominação.
Esses guerreiros do além não apenas lutam em nome da Legião, como também carregam a missão de recolher cristais de sangue e essência V Blood – dois elementos fundamentais para a ressurreição de Drácula. Cada ritual, cada sacrifício, cada grito abafado nos corredores escuros das ruínas serve a esse objetivo central. Não há piedade, tampouco dúvida. Para os devotos da Legião, a volta de seu senhor é inevitável – e qualquer preço é aceitável.
Além disso, há algo profundamente perturbador na forma como esses cultistas operam. Eles não gritam em batalha, nem avançam com fúria cega. Em vez disso, recitam orações esquecidas em línguas antigas, caminham em silêncio absoluto e encaram o inimigo como se já estivessem mortos. Isso confere a eles uma aura de invulnerabilidade e, ao mesmo tempo, um terror psicológico difícil de superar.
No contexto de Vardoran, a presença da Legião de Noctum representa o colapso entre o mundo físico e o espiritual. Enquanto outras facções brigam por influência ou conhecimento, a Legião deseja algo muito mais perturbador: reverter a própria ordem natural da morte. Ao trazer de volta Drácula – e com ele, as trevas absolutas – eles não pretendem restaurar um trono. Eles pretendem apagar tudo o que existe fora da vontade do tirano sombrio.
À medida que os jogadores avançam em V Rising, fica claro que o cenário não se resume à velha luta entre bem e mal. Facções como os Transcendentes e a Legião de Noctum operam com visões tão radicais quanto opostas – uma aposta total na tecnologia sem freios, outra na fé distorcida e macabra. No entanto, ambas compartilham algo em comum: estão dispostas a sacrificar tudo para atingir seus objetivos.
Enfrentar essas facções exige muito mais do que força bruta. É preciso entender suas motivações, interpretar seus símbolos e desmantelar seus alicerces ideológicos. Não basta derrotar os membros dessas organizações – é preciso impedir que suas ideias se espalhem e contaminem o restante do mundo. Afinal, cada experimento bem-sucedido dos Transcendentes ou cada ritual completo da Legião é um passo a mais em direção ao colapso.
Ao mesmo tempo, essas ameaças tornam V Rising um jogo profundamente envolvente. Elas enriquecem o mundo com nuances que vão além do combate. A tensão entre ciência enlouquecida e fé distorcida cria um ambiente onde nenhuma decisão é simples. Ao se infiltrar em seus territórios, o jogador sente o peso das escolhas e percebe que está lidando com entidades que já cruzaram há muito tempo o ponto sem retorno.
Mais do que inimigos, os Transcendentes e a Legião de Noctum são símbolos do que acontece quando o poder deixa de ter limites. Um representa o fanatismo da razão, o outro, o fanatismo da devoção. Em ambos os casos, o custo é o mesmo: a destruição do que ainda resta de humano em Vardoran.
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